Uma investigação da Revista Piauí revelou que um terreno localizado no bairro Geraldão, em Santa Cruz Cabrália (BA), foi usado como garantia para um empréstimo de R$ 356 milhões do Banco Master à empresa Griffood Brasil Alimentos, após ser avaliado em R$ 100 milhões — mesmo tendo sido adquirido um ano antes por apenas R$ 900 mil. A valorização, de 11.000% em 25 dias, levantou suspeitas de fraude, especialmente considerando que o terreno é alvo de disputa com famílias indígenas Pataxó e está em uma área marcada por vulnerabilidade social e presença de facções criminosas.
A avaliação foi feita pela empresa Newmark, supostamente a pedido do próprio banco, que usou como referência terrenos litorâneos de alto padrão localizados a até 23 km de distância e sem conflitos fundiários. Especialistas ouvidos pela Piauíalertaram para possíveis riscos ao sistema financeiro, má conduta e a inconstitucionalidade do uso de terras reivindicadas por povos originários como garantia de empréstimos.
A operação está no centro de investigações da Justiça baiana e chamou a atenção do Banco Central, que ainda não aprovou a venda do Banco Master ao BRB, banco estatal de Brasília. Em decisão liminar, a Justiça bloqueou o terreno e determinou o envio do caso ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Estadual.
A reportagem é de Arthur Guimarães (de Santa Cruz Cabrália) e Allan de Abreu (do Rio de Janeiro), publicada pela Revista Piauí em 25 de julho de 2025. A íntegra pode ser acessada em: piaui.folha.uol.com.br【Fonte: Revista Piauí, 25 jul. 2025】